Powered By Blogger

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Ego e Respeito - diálogos de relações profissionais

Momentos duros de se viver nesse confinamento por conta da pandemia. Isolamento por muito tempo pode trazer uma série de estados psicológicos e literalmente conversar e extravasar é um dos caminhos. Há quem desenvolva vários quadros psicológicos como as diversas síndromes, em mais comum a do pânico e a do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) por limpeza. Isso sem contar com a depressão que poderia estar em estado latente em muitos e, por conta deste isolamento social, surge com uma força algoz.

Onde entro nisso tudo? Toc não tenho e depressão ainda não sei se tenho. Mas com certeza está cada dia mais difícil conversar com as pessoas. Umas muito carentes (até entendo isso), outras infladas e muito seguras de si porque acham que não sofrerão com o Covid-19 porque ninguém querido ou ela mesma não pegou (ainda) e outras tão absortas à realidade que acham tudo isso um grande exagero.  Nestes grupos eu não estou. Se tem outros grupos além destes que eu possa estar eu não sei...

Estes anos todos sempre me queixei de não ser reconhecido profissionalmente e sempre abri o verbo por conta disso. Talvez seja um erro essa minha queixa... será? E por longos anos essa situação se repetiu e eu vejo isso como uma falha que estou proporcionando a se repetir por ainda agir e pensar do mesmo jeito. Esse jargão eu falo em vários posts aqui no meu blog. Então chegou a minha vez de rever o quê estou repetindo no pensar e no agir para poder mudar isso.

Alguns colegas me disseram que estou querendo alimentar meu ego e nem discordarei porque alimentá-lo fazemos em várias fazes da vida. É só não passar do limite para não inflar e nem ser um egoísta. Outros dizem que busco reconhecimento pelo que fiz e faço até hoje em prol da arte que exerço. Nem está tão errado assim. Realmente a minha profissão é de relações estreitas e de parceria e não de "dominante" e "passivo". Uso "dominante" para o chefe que te seduz e diz que dará tudo certo e depois que se mostra a competência, sai tudo de outra forma totalmente diferente do acordado. E chamo de "passivo" aquele que se anula, aceita, entra em depressão e se submete as variações do dominante para simplesmente trabalhar. E centena de vezes vi colegas com depressão e cheios de ressentimentos por isso para sobreviverem na profissão que escolheram se anulando totalmente e cedendo, muitas vezes, por um valor bem abaixo daquilo que merece pela competência profissional que tem e, sem perceber, alimentando o ego de seu dominante.

Me resta refletir e ver se estou em destes lados... será que estou?

Respeito é facilmente praticado nos dias de hoje. Mas ser respeitado profissionalmente é outra coisa... e é isso que sempre busquei. Respeito...

Pra mim, qualquer relação será prazerosa e com poucos conflitos quando se chega a  um acordo comum e ambos saem ganhando. Mas quando uma das parte se sobrepõe a outra, aí tudo desmorona pra mim e é onde reajo e me sinto literalmente incomodado.

Como trabalhar isso? Se estou revivendo este ciclo é porque o acordo fraquejou e eu, num impulso totalmente emocional, sempre tento equilibrar isso tentando mostrar-me o quão valoroso sou e acabo me decepcionando. Aí até o respeito fica subjugado. Nestes casos, o meio termo, ou o respeito ao acordo feito, é onde mora o equilíbrio... e eu deixei desequilibrar.

Como fazer? Agir diferente. Como? Afinando no início as condições e sanções em caso de algum acordo não acontecer por qualquer uma das partes. E aí funciona o Contrato, seja ele qual for, com todas estas questões muito bem discriminadas e, consequentemente, acordadas por ambos. Aí é um contrato profissional e não verbal. Cabe aí deixar claro que não se pode deixar vacilar e nem se iludir com as propostas superficiais. Esse contrato é literalmente "preto no branco".

Talvez por estas razões eu tenha descoberto meu maior arrependimento nessa vida: o de não fazer eu mesmo meu próprio negócio em quesito de dar aulas e abrir meu próprio negócio, minha própria academia de dança ou ter minha sala de aula.

Meu erro foi persistir e acreditar que algum estabelecimento saberia respeitar a arte flamenca como ela é e tem que ser. E entendi que é o artista por traz dela quem sofre os danos... aí o psicológico se afeta. Ou se desvanece ou se fortalece.

Me sugeriram um processo que fui estudar mas infelizmente desacreditei. Não vi consistência nele. A tal Constelação Familiar. Que fique claro que para mim não acreditei na possibilidade de encontrar um caminho com o que oferecem porque não ajo e nem penso igual a eles. Com isso quero dizer que existem pessoas que conseguem e se encontram neste processo. (In)felizmente não eu.

Enfim, há que se encontrar um equilíbrio racional na relação entre os estabelecimentos contratantes e os artistas que trabalharão ali. Artista precisa de aplauso, de louvação e seu trabalho reconhecido sim. Mas acima de tudo ser respeitado com sua vivência e conhecimento para haver uma relação saudosa e produtiva para ambas as partes. Ego que se alimenta... artista é, em qualquer um de seus ramos, exibicionista e precisa de se alimentar psicologicamente daquilo que faz.

Então o Ego e o Respeito podem andar de mãos juntas sim! Contratantes respeitando o artista, honrando com o acordo ou contrato e o artista cedendo seus conhecimentos profissionais em prol da arte e sendo reconhecido pelo seu esforço e mérito ao se empreender para e com o local aonde está. Se isso é pedir demais, sou eu o errado e todos os meus colegas que se submetem a isso.

Que eu saiba, ninguém até hoje teve alguma relação estável trabalhista (não falo em termos de formalização) sem ter aquelas conversas sobre suas divergências e afiná-las para ambos saírem em parceria. Até casamento é assim... quando se cede algo, ambos cedem. Relação direta, mas de mão dupla e que realmente BENEFICIE as duas partes. Se tem outro jeito, não descobri, não me ensinaram e nem me mostraram...

Me disponho sempre a aprender... me mostre que dá certo com atributos da honestidade e transparência que vou.




segunda-feira, 27 de abril de 2020

Dois lados de um disco...

"Sou do tempo do disco de vinil, por isso aprendi que só ouvindo os dois lados é que se escuta o disco inteiro". Encontrei no Google...

Passei, e ainda passo, a vida toda escutando que eu "tenho que escutar o que o outro diz e refletir". Quem disse que não faço isso? O negócio é que quase nunca eu tenho meus pensamentos ouvidos e, talvez pela forma como os exponho, muitos entendam que estou "impondo" o que penso. Nem é isso. Aprendi de forma atrasada que "nem tudo deve ser dito a todos e nem todos devem saber de tudo"; o que não significar mentir na informação, mas sim o estritamente necessário de forma transparente. E é aí que parecem confundir tudo...

Em casos de trabalho ainda pergunto aos contratantes de outrém e de agora por qual razão não deixam tudo claro com todos os "pingos nos i" logo no início de tudo? Neste caso tenho que ter minha vivência ambientada no espaço, "vestir a camisa do time deles" para provar minha competência antes mesmo de ter minha vida profissional avaliada, respeitada e valorizada. Quase sempre sou eu que tenho que mudar até métodos de aula ou mesmo o conteúdo do que darei e, ainda por cima, mudar quase radicalmente a participação nos espetáculos porque literalmente não há espaço para o flamenco, mas para meras estilizações. Porém, mostrando-me apto a tais necessidades, acabo fazendo-as e quando peço "vestirem a camisa do flamenco" é como se eu contrariasse tudo o que se faz nestes ambientes.

Na verdade eu deveria parar de bater na mesma tecla ou de dar murro em ponta de facas e aceitar que nestes mais de 30 anos em nada modificou estes locais; a não ser a evolução tecnológica. Hoje reconheço o desbravamento, a coragem e a perseverança de meus colegas que saíram em busca de um local em que nossa arte fosse respeitada e criaram seus espaços. Eles sempre estiveram certos...e eu persisti no erro. Mas isso vai mudar... encontrei minha falha...

Em casos amistosos não é diferente, mas o envolvimento emocional pesa demais quando nos expomos. É como achar que o outro falha e eu sei como fazê-lo sofrer menos ou mesmo de consertar seu aparente erro. E muitas das vezes acabei falando o que pensava sem escutar o outro. Aconteceu o revés também. Isso é amor quando entendemos o tamanho do carinho que este ato representa, mas pode ser doloroso se a persistência no pensamento não é acompanhada por ambos.  Meu artigo anterior a esse fala disso também.

Então pra onde ir? Em direção diferente das tomadas nos mesmos erros repetentes na vida. Essa é a lição: se encontrar e se melhorar, mesmo que o outro não aceite, não perceba ou se afaste. Eu penso que quando se melhora a si mesmo, conseguimos ajudar o outro, mas na medida correta e do jeito que o outro pode e não como queremos. E ajudar a quem realmente precisa e merece. Há quem diga que este "merece" é um ato de julgamento. Eu encaro como um ato onde não se desperdiça tempo e energia já que respeito a capacidade do outro de se transformar para melhor quando quer.

Em 2019 escutei várias vezes que sou "inflexível". E óbvio que discordei porque não aceito nenhuma imposição onde sou anulado. Confundiram minha "resistência" com "inflexibilidade". E olhem que sou flexível até demais! Como eu não sou flexível se, mesmo erroneamente acreditando que me entenderiam no futuro, anulei o que penso e vesti suas camisas? Provei sempre que sou capaz, mas quando pedi o oposto acabei virando a cobra venenosa. Sempre tentaram me colocar nesta posição como se eu errasse frequentemente. Basta! No fundo isso é apenas uma inflexibilidade do outro que não soube ser parceiro. E é aí que digo que sou até mais flexível do que pareço quando ambas as partes saem ganhando.

O Covid-19 apareceu e somos obrigados a um isolamento social e quase sempre um isolamento maior porque fomos educados ao contato físico direto. Isso dá a sensação de esquecimento, de solidão e de total inexistência. Mas preferi usar isso a meu favor como um momento de total reflexão sobre meu ser. 

No fundo quero ser respeitado por ser quem sou e não pelo que os outros acham quem sou sem nunca terem, sequer, convivido comigo. E sim, sei respeitar o outro. Eu literalmente cobro o respeito do outro para comigo. É nas pequenas coisas que estão os maiores problemas. Ser educado é uma parte do ser, mas isso não significa que esta pessoa não seja o inverso disso. Pode ser o mecanismo perfeito de se camuflar aquilo que é de verdade. Na visão do outro, é a "verdade" deles e isso não questiono, apenas respeito. Mas não quero que me imponham as suas verdades quais sejam elas.

Respeitar é confundido com aceitar... mas é na prática que vemos a realidade disso. 

Eu apenas gostaria que os outros parassem e pensassem que aceitar ou não é uma das partes do respeito e que suas idéias não devem se prevalecer as dos outros se não forem afins. Isso é difícil? Precisa de ter tanto estresse antes pra entender isso? Ou seria eu estritamente tão flexível e tolerante que deixei chegar a esse ponto várias vezes?

A bem da verdade digo que tenho amigos que entendem nossas diferenças e divergências e que não passamos uns sobre os outros por causa disso. Respeitamos essas qualidades, aqui não as julgo, e seguimos verdadeiros amigos até hoje.

Seria diferente em família? Acho que não...mas ao menos ouçam os dois lados do disco e pensem!

Nesse momento tão aflitivo que passamos no mundo todo a prática da Tolerância e Paciência testa as nossas capacidades e fica difícil saber se um copo com água pela metade está meio vazio ou meio cheio...


sexta-feira, 24 de abril de 2020

Vaidade, humildade, generosidade... em tempos de Covid 19

Essas são três palavras que se manifestam atualmente nas redes sociais. E fica difícil ver aonde elas se manifestam e com qual intenção. Alguns conseguem se despir destes sentimentos egoístas e abrem mais seu coração e se doam. Outros se aproveitam e alimentam seus egos. Isso é mais do que natural no ser humano.

Ao ver uns que se unem pelo coletivo, se doam e até cedem um pouco mais de seu tempo para ajudar a amenizar a si e aos outros esse sofrimento atual, outros se prevalecem de seus mais sórdidos, porém também naturais, sentimentos de egolatria e vaidade. E vive um grande momento de dúvida sobre seu incerto futuro profissional após a pandemia que parece não acabar tão cedo quanto se deseja.

Aqui não cabe culpar quem ou qual país é responsável porque não há espaço para  isso quando o assunto é sobreviver. E é no mundo todo! Isso é um novo momento histórico que nós estamos vivendo e contando e virando registro histórico para gerações futuras.

Enquanto nenhum de nós tem algum querido acometido ou mesmo uma perda inevitável em seu círculo de convivência, traz-se um instante de blindagem ou de uma falsa segurança ou sorte do destino por achar-se imune ou protegido; mesmo com todos os cuidados que se tome...

Nesse momento muitos lutam e concorrem pela sua sobrevivência; o que não é nem ruim. Mas muitas vezes se sobrepondo como únicos ou detentores de formas ou fórmulas absolutas de resistência e sobrevida a este momento. Como ter esta "certeza" e vender isso, como muitos estão fazendo, se nem passou a pandemia e provou que aquilo que vende é real e dá certo? Em vários segmentos, principalmente nas mídias digitais, é fácil ver como estas pessoas se sobressaem diante das outras. Oferecem certeza da vitória absoluta. Em um momento onde a união e valores como a humildade e generosidade deveriam ser mais valorizadas acontece para estas pessoas o ditado "meu pirão primeiro e ninguém pega". Digo que não é "o quê" se faz, mas "como" se faz. Os valores ficam ligados diretamente à estas duas formas: "o quê faço" e "como faço".

Em função deste momento também vários outros valores intrínsecos de diversas filosofias são aplicadas até de forma descomedida como forma de aliviar e, supostamente, se dar um "alívio" na consciência do seu bem fazer sem olhar a quem. Parece que o mais importante é fazer o bem...de qualquer jeito e em qualquer direção. A impressão que dá é que se tira algum peso da consciência e alivia alguma cobrança futura. Pra mim parece uma redenção ao medo de "ir embora antes" e a cobrança pelos erros cometidos aparecer nesse processo de consciência imediata daquilo de bom e ruim que fez ou deixou de fazer.

O autoconhecimento é gradativo e pode demorar muitas vidas para uns e despertar mais rapidamente para outros. Essa pandemia tem feito esse tipo de reflexão em muitos e aumentado o desleixo em outros.

Isolamento social é duro psicologicamente falando para quem tem em sua essência a necessidade vital das trocas sociais sejam elas quais forem. Privado disso, a humanidade entra em choque com seus valores mais profundos e é aí onde as duas facetas aparecem como prova de que toda história tem dois lados. E digo que não há meio termo ou como ficar "encima do muro" para escolher o lado conforme o peso lhe aparece numa tentativa esperta de "não errar". Então o que mais se vê são estas duas faces da Vaidade, da Humildade e da Generosidade.

Quer queira ou não, as leis naturais não mudaram e sequer se adaptaram, como tudo hoje, ao Covid 19. A Lei do Livre Arbítrio e sua consequente Lei do Retorno estão intocáveis, imutáveis e agora parecem ser mais implacáveis do que nunca. Eu digo que é o reconhecimento, ou não, do peso que estas leis tem (sempre tiveram) sobre nós.  E continuo afirmando que elas, por serem onipresentes e onipotentes, independem da filosofia que se acredita. Elas sempre estiveram óbvias para quem as entende profundamente e este peso não dói.

Com isso gostaria de dizer que nunca é tarde para criar uma versão melhor de si mesmo. Mas uma versão BOA. Todos podem ser bons! Todos podem ter as versões positivas de suas personalidades ativadas! Se conseguissem perceber o quão poderoso é esta versão de si e quão grandioso é para a humanidade, talvez fosse mais rápido nosso natural processo evolutivo.

Mas não precisa de um momento Covid para isso porque é uma prática natural ao longo das vidas, sim, no plural, para seu autoconhecimento e sua lapidação. Faz tempo que escrevi um artigo fazendo essa mesma observação sobre nossa composição astral e física. Nascemos Carvão e com a pressão da vida tendemos, a mais ou menos tempo, a virar preciosos Diamantes com um brilho tão intenso que nossa visão materialista não é sensível para perceber. Basta que a consciência desperte para isso. Uma ajudinha sempre é bem vinda, mas quando não há esse despertar devemos respeitar que ainda não chegou a hora dessa pessoa e deixá-la ir do seu jeito e no seu tempo. É nessa hora que conseguimos entender, por conta desta consciência universal, que já fomos um dia como estas pessoas e que subimos um degrau por vez exatamente porque despertamos no momento que estivemos apto a isso.

A evolução é uma dádiva única, um presente do universo no seu mais profundo significado que se manifesta em doses homeopáticas que reconhecemos como vida limitada ao tempo material e seguida em inúmeras encarnações na mais pura premiação de continuar a mutação para uma melhor versão de si mesmo.

E é dessa forma que "ficar em casa" tem sido meu momento de me entender mais e de ver até onde posso ou consigo ser essa versão atual melhor de mim mesmo e espargir em outras direções. E com toda a certeza que tenho carregado com minhas naturais imperfeições digo em maiúsculo que AMO MUITO MINHA VIDA e sou grato por entender e poder espalhar essa experiência em diversas direções.  Aos que a recebem, se acordarem, irão na mesma direção que estou indo. Aos outros, tenho certeza absoluta que irão também, mas em um momento mais adiante.

Resumindo do meu jeito, "bóra" ser feliz!