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domingo, 14 de outubro de 2018

Compondo figurinos no Flamenco



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Não é tão simples assim. Não basta se travestir de espanhola seja qual for o modelito que se compra.

Há muito vejo roupas bonitas e feias em cena. Grifes e figurinos sóbrios perambulam pelos palcos de forma a atender os anseios de quem coreografa ou de quem se imagina no palco. Nem respeitar o biótipo de quem dança estão levando em consideração.

O erro mais grave aparece quando a roupa parace ser mais importante que a dança. E pode piorar quando ela atrapalha a dança na sua execução.

Não há mistérios para compor um figurino flamenco se levar em consideração os parâmetros do baile a ser executado; mesmo que o componha com a cara do séc. XXI.

Depois do período em que grandes estilistas assinaram figurinos de grandes companhias de flamenco (eu diria que alguns assassinaram a obra) muitos se libertaram e passaram a seguir os ditames dos desfiles de moda flamenca. Não é ruim, mas a passarela não é o palco da dança. Ali existem idéias muito boas e até de combinações de estamparia e materiais que jamais ousaríamos fazer. Digo sempre que estes desfiles servem como inspiração para compor um figurino DE DANÇA. Sim, em caixa alta mesmo! Ou apenas de seguir as modas das grifes locais que passam e não se renovam.

Não há limites na passarela da moda. Diferente da dança que tem alguns limites a serem observados.
A criatividade está no ar e nos libertarmos do jargão preto e vermelho de anos passados no flamenco aqui no Brasil. Aliás, pra mim o vermelho é a única cor "neutra" no flamenco. Ela parece conter, em sua essência, o turbilhão de emoções desta arte.

Porém, é preciso encontrar um equilíbrio do figurino com o palo exibido. A própria natureza dele já sugere a que tipo de roupa bolar. Às  vezes até a letra sugere se pensar em coreografar baseado numa letra. É onde erram com frequência na composição artística da roupa. Às  vezes vejo gente com roupas lindas, mas distante do palo a ser executado.

Não adianta mais dizer que o importante é a alma do palo. Então dance nu! É incompreensível bailar por Alegrias totalmente de preto e sem nenhum acessório mais colorido para remeter às inspirações que este palo bulicioso tem em sua natureza. Da mesma forma é bailar um Martinete trajado de amarelo com lunares rosas onde em nada este padrão contribui para o drama deste palo. São apenas exemplos extremos do que vejo por aí.

Sem falar nos erros graves com o uso do zíper invisível em malhas. Aliás,  este zíper nem se recomenda para a dança alguma! Um bom figurinista irá saber como camuflar aquele mais grosso que suporta os arranques das trocas rápidas e dos movimentos fortes da dança quando usado nos tecidos planos (subentende-se sem o elastano típico das diversas malhas).

O decote tem um segredo ótimo pra dança para quem gosta de abusar. Quanto maior o decote na frente, menor deverá ser atrás e vice versa. Muitas vezes seguir a tradição nos decotes resolve todos os problemas da roupa.

Enfim, seja diferente, original ou mesmo igual com figurinos de "pronta entrega", mas não  peque na roupa.

Gosto não se discute, mas técnicas sim.

Flamenco é democrático também com os figurinos. Sejam bregas, estilosos ou alta costura, há espaço para todos, mas confecção pra dança não é o mesmo para o uso diário nem mesmo para a passarela. Aprendam a adaptar e se sentir seguros e confortáveis com seus figurinos sempre levando em consideração o palo que representam e os ditames necessários da modelagem para a dança. Nem sempre a malha "resolve" tudo; que é o que parece nestes últimos anos. Malha apenas soluciona alguns problemas, mas acaba apenas virando moda de época e dela só sobra o que serve para a dança.

Moda passa...


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