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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

MODA FLAMENCA

“A MODA sempre faz uma releitura do passado e transforma o que já foi criado. Ela se divide em arte Conceitual ou Usual.” Nunca mais esquecerei destas frases que ouvi de uma professora no curso de moda que fiz na Faculdade Veiga de Almeida. Pronto... Estão criados os famosos desfiles. Há alguns anos que o Flamenco deixou de ser uma arte puramente folclórica e andaluza pra se universalizar por conta de sua própria essência: a da alma humana que se encontra em toda face terrestre. E, mesmo assim, mantém intacto seu “aire” cigano e suas intempéries características dos andaluzes; condição para a sua verdadeira existência já comprovada nos cinco continentes.
Antigamente as roupas serviam para retratar as características da região que representava. E era muito comum roupas justíssimas confeccionadas em tecidos planos como algodão, tergal e linho com estamparias típicas locais: as famosas “lunares” (bolas) e as estampas florais. Na Espanha assim como em outros países existe tecelagem voltada exclusivamente para a dança; o que não acontece aqui no Brasil. O que nos revela a evolução da moda e conseqüentemente dos figurinos é a tecnologia a serviço do bem-estar e conforto de seus usuários. Mais especificamente quando abordamos os esportes, as fábricas e as forças armadas onde os tecidos precisam ter vida longa e resistência aos choques sofridos durante o horário de trabalho. Surgiu o famoso JEANS. Logo após ser aplicada a estes setores, a tecnologia é aplicada ao uso comum. Maior exemplo disso atualmente é a tão famosa Microfibra, tecido empregado na astronáutica. Um tecido inteligente que se adapta as condições termais do ambiente. Ou seja, no frio ele esquenta e no calor ele refresca permitindo uma aeração melhor além de quase nunca ficar amassada evitando os desgastes da passagem do ferro. É um tecido resistente, de bom caimento e que agora encontramos mesclado com outras fibras como a viscose, o próprio oxford e com algodão.
A malha já tinha revolucionado com a descoberta da Lycra que, a cada dia ganha uma nova criação. Como o suplex, o energy, a viscolycra, Ity e o Dry. No universo da Arte Flamenca, esses novos tecidos vêm alcançando destaque a começar pela própria Espanha e seus astros que demonstram em seus shows a descoberta destas novidades. Não é só pelo confortam ao contato com a pele, mas também pelo fácil manuseio, rápida confecção e pelos cuidados menos complicados do que as antigas roupas de tecido plano exigem. O caimento perfeito e o efeito cênico que eles causam também contribuíram para o uso destas maravilhas modernas.
Mesmo assim, no caso das batas-de-cola (vestidos ou saias com cauda) ainda se faz necessário o uso de tecidos planos, pois a malha não suporta e nem dá o resultado adequado aos movimentos desta saia. Antigamente além de serem de tecidos engomados ou com forro de tecido mais duro, seus babados eram armados com uma corda de varal na extremidade. Mais tarde com o náilon de pesca e, por fim, somente com o viés contraste dando um leve efeito de armado e mais caído. Em alguns casos somente com acabamento na overlock. A silueta dos artistas flamencos de hoje é uma linha mais sóbria onde os movimentos se libertam mais que no passado por conta do uso destes tecidos e por aglutinação de outras técnicas de dança. Já temos confecções nacionais como a Lunares, A Fulana, Riatitá, Danza Flamenca e eu que especializamo-nos em figurinos para Flamenco. Cada um com seu estilo e sua linha. No fundo o que importa é o conforto, a durabilidade e a plástica que o figurino pode fornecer. Daí a necessidade de conhecimentos desta área onde o domínio fica por conta de profissionais como o figurinista, o estilista e o modelista. São profissionais que podem estar reunidos numa mesma pessoa que reúne os conceitos e conhecimentos práticos e teóricos de como criar, moldar e cortar o figurino para a dança escolhida visto que na maioria das vezes o corte e a modelagem padrão, ou seja, a de uso comum e diário, não servem para a dança porque causam efeitos de rugas por falta de elasticidade ou modelagem ruim, tacos sem tecidos embaixo do braço dando aquele “buraco”, rasgos por estarem justas e mal cortadas. Podendo inclusive alterar o tipo físico da pessoa por conta dos efeitos somados à iluminação. Nada melhor do que adequar o figurino que se deseja com os conhecimentos de profissionais desta área.

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