O dançarino Ricardo Samel escreve suas impressões da vida, da dança e da moda mediante suas vivências com a Arte Flamenca.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Um sonho antigo
Não dá pra deixar de lamentar a oportunidade que perdi nesta vida aos 16 anos quando ganhei uma bolsa de estudos para Patinação Artística sobre rodas no Flamengo quando patinava no extinto Roller Circus em São Francisco, bairro da zona sul da cidade de Niterói onde eu vivia. Toda vez que vejo os Jogos Olímpicos de Inverno e admiro esta modalidade volto no tempo e me lembro como foi meu contato e as boas coisas que passei neste período. Lembro que saía no sábado para entrar exatamente às 14h quando abria o rinque e saía lá pelas duas da madrugada quando fechava. Só não ia quando adoecia ou quando estavam fechados.
Naquela época um bom patinador ganhava a bolsa e tinha possibilidades de ir para o Holly Day On Nice... meu sonho! Mas não ganhei o apoio familiar por questões financeiras, pois o investimento era alto nas aulas de dança, no equipamento de primeira linha e num futuro que, para minha família, era incerto e curto. Resumindo: eles viam uma carreira curta bem menor do que qualquer outra arte.
Por conta disso, me ofereceram lutar Judô e briguei e acabei entrando em depressão. Este tipo de arte estava muito distante do que eu queria. No ano seguinte é que encontrei a arte do qual hoje sou profissional. Acabei por seguir uma vida tradicional, fiz faculdade de Arquitetura e depois enfrentei a tudo e a todos. Tudo que sei e possuo hoje sobre Dança e Figurinos foi com meu próprio esforço e conquista. Abri mão de muita coisa para conseguir chegar onde estou. Nada foi fácil a não ser outra bolsa que ganhei. Nunca mais me esqueço destes dias nas mãos de Sonia Castriotto que me apoiou e confiou em mim. Discretamente comprou algumas desavenças por minha causa com algumas colegas de classe e até mesmo com o grupo ao qual ela dirigia, pois era estagiário e passei logo a membro efetivo mesmo sem estar preparado. Era muita confiança num dançarino ainda verde para o posto. Ela teve lá suas razões para tal e foi apoiada pelo marido e também diretor Eduardo Mallot.
O sonho é um dos alimentos da vida. Pode se tornar um objetivo como o meu. Nunca projetei ou almejei algo que fosse além de conquistar, aprender e ensinar o que sei. Nunca me interessei em ser o melhor tão pouco querer ser o maior. Apenas conquistar este sonho e ser respeitado. Jogar com a verdade e com a honestidade sempre foi e continua sendo difícil, mas precisei me impor e hoje estou aqui, na Dança Flamenca.
A Patinação vai ficar para outras vidas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Mantenha contatos comigo deixando aqui seus comentários e seus contatos.