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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Os Calons: Ciganos da Península Ibérica

“Calon”: termo designado para identificar os ciganos oriundos da Península Ibérica: Portugal e Espanha. Em Portugal são chamados de Calão e possuem comportamentos similares aos espanhóis porem não são dominadores do Flamenco e muito raramente se utilizam do mesmo para suas festas. Utilizam-se das suas “guitarradas” (seu jeito de fazer festa) e suas músicas e danças são semelhantes as que vemos aqui no Brasil. Os Calons, cigano da Espanha principalmente o andaluz, são dominadores da Arte Flamenca em todos os aspectos. Costumam fazer suas festas , ou “fiestas” como eles chamam, sempre regado a vários ritmos festeiros flamenco. Em alguns de seus rituais é comum o uso de elementos do repertório flamenco como a Debla, Toná, Saetas (em épocas de semana santa), Romances, Rumbas e Tangos nas bodas de casamento, Alboreá ao alvorecer e quase todo o repertório bailável do Flamenco em suas “fiestas”, seus “bródios”. Alguns ritmos como a Zambra está quase em desuso e é ligado ao calon que tem suas raízes de origem marroquina ou egípcia; mais especificamente os granadinos, pois os ciganos catalães tem domínio sobre as rumbas. Os principais “palos” (cantos) flamencos são de origem cigana e por esta razão muitos atribuem o surgimento do Flamenco a eles. É só lembrarmos que o Flamenco tem outras culturas que se mesclaram como a judaica, a espanhola, a hindu e a árabe oriunda do Marrocos e do Egito, graças aos ciganos que absorvem e mesclam as culturas por onde passam.
Existem outros ritmos desconhecidos por nós e que fazem parte do folclore “gitano” (calon espanhol) como La Cachucha Del Zacromonte, canciones de Navidad, La Mosca. Dançadas em roda e em seus respectivos valores de folclore cigano espanhol. Sendo o cigano espanhol a principal base do Flamenco, vale ressaltar que as performances dos artistas “não-ciganos” são muito próximas das executadas por eles. A idéia de liberdade expressiva que eles carregam em sua cultura está impregnada na Arte Flamenca como um todo. O que não se deve esquecer é que esta liberdade foi ampliada e estendida aos artistas não-ciganos, ou payos, na língua dos calons, onde o Flamenco se universalizou e se transformou em mais uma linguagem de dança. Muitos costumam dizer em seus livros sobre o assunto, que o artista flamenco é aquele capaz de cantar, tocar ou bailar como se fosse um cigano. O folclore ficou preso aos guetos ciganos e às casas de shows para turistas, ou Pátios como são conhecidos hoje; o que não impede de ser ver um bom trabalho apesar destes shows serem quase em sua maioria comerciais para os turistas. Os admiradores, ou “aficionados” como se fala na Espanha, independente de serem artistas ou não, procuram as “peñas” (a forma evoluída dos antigos cafés cantantes), tablados e cuevas (em Sacromonte) próprios para a execução do flamenco onde se pode apreciar um genuíno trabalho de raiz, de ciganos e não folclórico-comercial.
E mais, acompanhando a evolução dos tempos, os Artistas Gitanos vêm seguindo a modernização e se atualizam até em suas vestes próprias para baile. Basta ver uma gitana que agora usa roupas mais justas ao corpo permitindo visualizar a sua silhueta. Os calons são muito conhecidos pelo seu temperamento forte e fácil capacidade de se mesclarem a sociedade local atravessando muitas vezes alguns costumes tradicionais; o que não fazem deles menos ciganos do que as outras etnias espalhadas pelo mundo.

3 comentários:

  1. Querido, texto excelente sobre os calé e a história do flamenco, parabéns! Faz um ano que você postou e só agora cheguei até ele, pois estou pesquisando para redigir o texto sobre os Calon no novo site sobre cultura cigana. Saiba que seu texto tornou-se referência para mim e que adicionei um gadget no Páginas Cruzadas para blogs parceiros. Coloquei o Flamenco Y Moda lá, agora somos parceiros! Um forte abraço!

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    1. Mikka, estamos juntos quando o assunto é esclarecimento sobre um povo mal conhecido. Vale ressaltar que a maioria dos calons aqui no Brasil está distante das raízes ibéricas e completamente adaptados ao nosso folclore local. Muitos desconhecem a moda das festas temáticas e tem como repertório as músicas como o forró e danças como o chachado. Algumas calins do nordeste até lembram as espanholas por conta dos pentes que usam nos cabelos. Se elas não falassem português, daria para dizer que são espanholas. E mesmo assim, lá na Espanha as vestes estão totalmente descaracterizadas se comparadas com os calons daqui.
      Grande abraço!

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  2. Em portugal não dizemos calão, sou cigano português de pai, mãe,avô,avó e etc. e dizemos calon. E verdade que nas festas ouvimos e dançamos musicas não ciganas mas em portugal temos um vasto imenso repertorio de musica cigana(so que algumas ja adaptadas a ritmos nao ciganos)e quanto as roupas ja a mais de 40 anos que ningum usa aquelas roupas folcloricas.

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