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terça-feira, 16 de maio de 2017

Quem disse que não gosto de Festa Cigana?

Em meu percurso como pesquisador e estudante da dança Flamenca, me deparei com registros que sempre falavam de ciganos, fossem cantaores, bailaores ou guitarristas. De fato, fui obrigado a pesquisar sobre este povo que tem forte influência nesta e em várias outras culturas. E foi  estudando-os que, descobri do pejorativo nome que levam e de como gostam de ser chamados: romá no coletivo, rom para homem e romi para mulher. Isso sem levar em consideração que cada subgrupo, ou clã, possui nomeclatura de acordo com sua origem ou função e cada família pode seguir o credo de sua aproximação.

Com isso, encontraremos
alguns grupos católicos, evangélicos, muçulmanos, ortodoxos e quaisquer outra religião dominante no país onde estão. Só isso já quebra o mito da padoeira universal Santa Sara.

Me deu um fascínio saber que sua trajetória na vida sempre foi como errantes, peregrinos ou andarilhos sem morada fixa e o quanto absorviam e interferiam de forma positiva na história local de alguns países por onde passaram, inclusive o nosso.

Comecei a pesquisar os que aqui existem e encontrei a escritora Cristina da Costa Pereira, que não é cigana, mas teve muito contatos e convivência com alguns deles, que lançava seu primeiro livro no bairro de Santa Teresa, "Povo Cigano" em meados dos anos 80. Desde então, resolvi estudar sobre eles também. Não as danças, mas seus costumes da mesma forma que fiz ao estudar os mouros, judeus, indianos, parte dos norte africanos e os andaluzes, os povos que influenciaram na sedimentação e surgimemto desta arte que hoje conhecemos como Flamenco.

Conheci ciganos brasileiros e descobri com o tempo que mais da metade dos que conheci são falsos ciganos.

Pessoas que se intitulavam assim para créditos artísticos, por alguma suposta descendência ou mesmo por vínculos religiosos ligados ao espiritismo charlatão facilmente encontrados em propagandas nas ruas das grandes cidades.

Conheci festas ciganas e fui pulando na frequência, uma a uma, e nada vi realmente de cultura cigana que estudei,  salvo as míticas histórias de cartomantes, videntes, danças ritualisticas e a adoração a uma suposta santa, a Sara, que só surgiu aqui em nosso pais depois da cômica e distorcida novela global chamada Explode Coração. E que conseguia piorar quando, na extinta rede Manchete, passaram uma versão da história da cigana espanhola Carmen, da mesma autora da outra novela global, onde a protagonista fazia um "pacto" com uma entidade conhecida como "pombagira cigana", mito e lenda dos terreiros umbandistas e que também surgiu após esta novela em diversos centros espíritas deste segmento. Se esta santa é da época de Cristo, como diz suas várias histórias, por quê os ciganos que aqui estão desde a época do descobrimento não a trouxeram junto com seus hábitos e costumes ibéricos? A pensar...

Então realmente conheci poucos, mas autênticos ciganos que, revoltados com tamanha distorção, começaram a aparecer no meio artístico. Destes ciganos, mais da metade são oportunistas porque se renderam a situação enquanto a outra parte se recolheu ao seu mundo dentro do nosso e se afastou deste meio artístico por não serem coniventes com as distorções de suas histórias de vida.

Após aprender e discernir sobre hábitos e costumes deste povo a quem muito estimo e tenho respeito, vi como este mercado artístico é dotado, em sua maioria, por rhomá oportunista, por falsos ciganos advindo de suas loucuras ou por caminhos espíritas e por seus seguidores, e de como se intitulam autênticos e detentores da suposta verdadeira história desta etnia onde pregam hábitos e ensinam danças distorcidas e rituais místicos sobre os ciganos. Destas festas eu realmente tenho hojeriza e delas me afastei. Raros os que se salvam artisticamente neste meio entre rhomá e gadjes (não ciganos).

Conheci poucas e raras festas onde fui convidado, como é o costume entre eles, a conhecer como se encontram e como procedem algumas de suas festas e pude ver também de perto alguns costumes.

E garanto que em nada se parece com a insanidade destas festas cuja temática é a da cultura deles e que é recheada de duvidosos profissionais, em destaque, principalmente, na dança. Um show de distorções culturais, regado a egolatria, a vaidade nos excessos e total distância da realidade deste povo aqui no nosso país e no resto do mundo... até mesmo na essência do que eles chamam de festa.

Eu amei as festas que fui convidado e foi graças a estas famílias que hoje sei bem quando falo que este antro em nada chega perto das festas que fui. Para não dizer que nada tem de similar, apenas a alegria. O resto é resto mesmo.

Talvez, por saber o suficiente para desmascarar, é que eu seja tão indesejado por esta gente do mundo da "Ciganolândia". Sempre fui adepto da sinceridade, da transparência e da integridade. Então, realmente essa gente tem tudo pra terem antipatia a minha pessoa.

Quem disse que não gosto de festa cigana?


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