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segunda-feira, 27 de abril de 2020

Dois lados de um disco...

"Sou do tempo do disco de vinil, por isso aprendi que só ouvindo os dois lados é que se escuta o disco inteiro". Encontrei no Google...

Passei, e ainda passo, a vida toda escutando que eu "tenho que escutar o que o outro diz e refletir". Quem disse que não faço isso? O negócio é que quase nunca eu tenho meus pensamentos ouvidos e, talvez pela forma como os exponho, muitos entendam que estou "impondo" o que penso. Nem é isso. Aprendi de forma atrasada que "nem tudo deve ser dito a todos e nem todos devem saber de tudo"; o que não significar mentir na informação, mas sim o estritamente necessário de forma transparente. E é aí que parecem confundir tudo...

Em casos de trabalho ainda pergunto aos contratantes de outrém e de agora por qual razão não deixam tudo claro com todos os "pingos nos i" logo no início de tudo? Neste caso tenho que ter minha vivência ambientada no espaço, "vestir a camisa do time deles" para provar minha competência antes mesmo de ter minha vida profissional avaliada, respeitada e valorizada. Quase sempre sou eu que tenho que mudar até métodos de aula ou mesmo o conteúdo do que darei e, ainda por cima, mudar quase radicalmente a participação nos espetáculos porque literalmente não há espaço para o flamenco, mas para meras estilizações. Porém, mostrando-me apto a tais necessidades, acabo fazendo-as e quando peço "vestirem a camisa do flamenco" é como se eu contrariasse tudo o que se faz nestes ambientes.

Na verdade eu deveria parar de bater na mesma tecla ou de dar murro em ponta de facas e aceitar que nestes mais de 30 anos em nada modificou estes locais; a não ser a evolução tecnológica. Hoje reconheço o desbravamento, a coragem e a perseverança de meus colegas que saíram em busca de um local em que nossa arte fosse respeitada e criaram seus espaços. Eles sempre estiveram certos...e eu persisti no erro. Mas isso vai mudar... encontrei minha falha...

Em casos amistosos não é diferente, mas o envolvimento emocional pesa demais quando nos expomos. É como achar que o outro falha e eu sei como fazê-lo sofrer menos ou mesmo de consertar seu aparente erro. E muitas das vezes acabei falando o que pensava sem escutar o outro. Aconteceu o revés também. Isso é amor quando entendemos o tamanho do carinho que este ato representa, mas pode ser doloroso se a persistência no pensamento não é acompanhada por ambos.  Meu artigo anterior a esse fala disso também.

Então pra onde ir? Em direção diferente das tomadas nos mesmos erros repetentes na vida. Essa é a lição: se encontrar e se melhorar, mesmo que o outro não aceite, não perceba ou se afaste. Eu penso que quando se melhora a si mesmo, conseguimos ajudar o outro, mas na medida correta e do jeito que o outro pode e não como queremos. E ajudar a quem realmente precisa e merece. Há quem diga que este "merece" é um ato de julgamento. Eu encaro como um ato onde não se desperdiça tempo e energia já que respeito a capacidade do outro de se transformar para melhor quando quer.

Em 2019 escutei várias vezes que sou "inflexível". E óbvio que discordei porque não aceito nenhuma imposição onde sou anulado. Confundiram minha "resistência" com "inflexibilidade". E olhem que sou flexível até demais! Como eu não sou flexível se, mesmo erroneamente acreditando que me entenderiam no futuro, anulei o que penso e vesti suas camisas? Provei sempre que sou capaz, mas quando pedi o oposto acabei virando a cobra venenosa. Sempre tentaram me colocar nesta posição como se eu errasse frequentemente. Basta! No fundo isso é apenas uma inflexibilidade do outro que não soube ser parceiro. E é aí que digo que sou até mais flexível do que pareço quando ambas as partes saem ganhando.

O Covid-19 apareceu e somos obrigados a um isolamento social e quase sempre um isolamento maior porque fomos educados ao contato físico direto. Isso dá a sensação de esquecimento, de solidão e de total inexistência. Mas preferi usar isso a meu favor como um momento de total reflexão sobre meu ser. 

No fundo quero ser respeitado por ser quem sou e não pelo que os outros acham quem sou sem nunca terem, sequer, convivido comigo. E sim, sei respeitar o outro. Eu literalmente cobro o respeito do outro para comigo. É nas pequenas coisas que estão os maiores problemas. Ser educado é uma parte do ser, mas isso não significa que esta pessoa não seja o inverso disso. Pode ser o mecanismo perfeito de se camuflar aquilo que é de verdade. Na visão do outro, é a "verdade" deles e isso não questiono, apenas respeito. Mas não quero que me imponham as suas verdades quais sejam elas.

Respeitar é confundido com aceitar... mas é na prática que vemos a realidade disso. 

Eu apenas gostaria que os outros parassem e pensassem que aceitar ou não é uma das partes do respeito e que suas idéias não devem se prevalecer as dos outros se não forem afins. Isso é difícil? Precisa de ter tanto estresse antes pra entender isso? Ou seria eu estritamente tão flexível e tolerante que deixei chegar a esse ponto várias vezes?

A bem da verdade digo que tenho amigos que entendem nossas diferenças e divergências e que não passamos uns sobre os outros por causa disso. Respeitamos essas qualidades, aqui não as julgo, e seguimos verdadeiros amigos até hoje.

Seria diferente em família? Acho que não...mas ao menos ouçam os dois lados do disco e pensem!

Nesse momento tão aflitivo que passamos no mundo todo a prática da Tolerância e Paciência testa as nossas capacidades e fica difícil saber se um copo com água pela metade está meio vazio ou meio cheio...


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