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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Escolhendo meu professor de dança...

Não basta apenas possuir um registro, o famoso DRT, se seu passado está na lista do hiato curricular. O quê quero dizer com isso?


Digo que, mesmo que se apresente um currículo, há que se reparar nas entrelinhas. Não basta apenas ver quantas danças fez, em quantas apresentações de academia esteve, quantos grupos e quantos eventos coletivos participou como solista ou como membro de algum grupo amador.

Precisa ver o registro histórico de seu aprendizado como com quem iniciou, curso seguintes, cursos de aperfeiçoamento e formação (se existir). Lembro que todos estes dados precisam ter referências reais e comprovantes como certificados e/ou diplomas de gente e de estabelecimentos reconhecidamente aptos para isso e que confirme aquilo que apresentam como prova cabal do seu currículo quando investigado. Currículo à base apenas de workshops nunca formaram ninguém e está cheio de "profissionais" com currículo só de workshops!


Poderá perceber em workshops que contenham apostilas se a referida pessoa demonstra a bibliografia de sua "pesquisa" e se o texto apresentado foi apenas copiado do original ou se ela o redigiu dando autenticidade naquilo que apresenta como conteúdo reflexivo e fruto de uma verdadeira pesquisa de quem realmente estuda e não cria "achismos" ou se baseia em outras pessoas que fazem o mesmo que ela. Ou se o texto destas apostilas nada mais são do que o famoso "control+v" e "control+c", ou seja, copiou da fonte e colou ali.

Lembro que roupas belas e ótimos atuantes em palco nem sempre são bons professores na sala de aula; o que não quer dizer que eles não existam! Conheço ótimos artistas de cena e que são professores maravilhosos!

 Ainda existem muitos que não passam o conhecimento ou inventam sobre aquilo que ensinam. E pode piorar quando se associa aquilo que ensina à religião. Sobre isso já escrevi no artigo " Místicas na dança" aqui em meu blog (http://flamencoymoda.blogspot.com.br/2015/06/misticas-nas-dancas.html). Não é de bom tom e tão pouco confiável os cursos dados em templos religiosos sejam eles quais forem para a formaçãode um bailarino ou dançarino. Estes cursos dados em templos só atendem às necessidades de danças de sua fé e não do mercado dos teatros. Para isso existem escolas e academias de dança. Atente-se a isso! E não existe curso de dança com base em religiosidade alguma que dê crédito as informações passadas por quem ensina!

Ainda assim, ao principiante se torna muito difícil fazer uma escolha de um bom profissional. Precisa ver os shows de outros grupos para ver se os mesmos profissionais não estão repetindo as mesmas danças sempre (o que não é errado e nem por isso o indica como mal profissional) e ver se o famoso "duende" aparece. Sempre digo que a dança tem um poder de tocar na alma quando o artista é genuíno em suas emoções em cena. Tem que dar um arrepio! Em especial isto acontece demais no Flamenco sem importar o quão na moda e na mídia está aquele artista.


Cuidado para não se deslumbrar com o que chamamos de "retrato"... belas roupas, bela música e beleza plástica do que se vê. Isso pode ser apenas a necessidade do comércio e uma maneira de disfarçar a falta de conhecimentos daquele(s) artista(s). Não é uma regra, mas acontece com frequência em artistas que apenas estilizam seu trabalho; o que reconheço como um grande potencial criativo desperdiçado com a falta de conhecimento próprio da dança que exibe e se diz profissional. O mercado está cheio de artistas estilizados.

Com isso quero dizer que não existem regras fixas que se tenha como base para escolher um profissional adequado ao seu processo de aprendizado, mas estas dicas ajudam bastante na escolha. Não se prenda ao comodismo da academia mais perto da sua casa. Isso pode ser uma armadilha! Mas pode ser que tenha sorte, caso seja próximo de você e o profissional realmente tenha estas qualidades.

 Não tenha pressa em aprender logo, pois isso não ajuda e com certeza não trará qualidade ao seu trabalho. Basta apenas querer aprender e crescerá no processo conforme sua entrega no aprendizado, na sua capacidade de absorção e prática destes conhecimentos e de um profissional que lhe estimule, lhe corrija sempre, lhe responda sobre tudo sobre a arte que cursa, lhe apresente outras fontes distintas da sua e que lhe mostre as opções de chegar no mesmo lugar: conhecimento e domínio sobre aquilo que cursa.

Cuidado com o estabelecimento que oferece cursos! Veja se dispõem dos currículos dos professores ali presentes, se as instalações são próprias para dança e outros detalhes como salas privadas e bem arejadas, vestiários e banheiros limpos.

O mercado da dança é competitivo, mexe diretamente com o ego e vaidade do artista e do aprendiz e traz a disputa pelo aluno entre a grande maioria dos profissionais existentes. Ego e Vaidade fazem parte do artista sim! Mas precisa dominar e não exceder...

Mas aquele que é seguro, honesto e transparente com seus aprendizes não está neste meio mesquinho, aliás digo de imediato que isso acontece em todos os setores do comércio, e o bom profissional não carrega uma "placa" indicativa de seu caráter. Aliás, ninguém, não é mesmo?

Nenhum de nós profissionais dedicados e honestos somos absolutos em nosso trabalho. Temos o tempo a nosso favor no acúmulo destes conhecimentos e no processo humilde da dança onde até um professor está sempre fazendo cursos, se reciclando e dominando novas técnicas para favorecer seus aprendizes.

Apesar da palavra final ser sempre do professor, costumo dizer que aprender dança é um grupo do qual a experiência comprovada do mais velho ensina ao mais novo e se troca conhecimentos. Aprendizes despertam também a nossa curiosidade e nossa sede de aprender mais.

Antes de ser professor em dança, este profissional precisa ser e enteder que ele mesmo será um eterno aluno, um eterno aprendiz. Sem esta humildade para lidar com a sapiência não será honesto em seu ensino com os outros.

Os anos ensinam, demonstram e mostram o caráter bom ou ruim destes profissionais e são as investidas e pesquisas de seus alunos em distintas fontes que confirmam o conhecimento e o caráter daquele que lhe ensina.

Mais uma vez digo que não sou senhor das verdades absolutas. São os anos de pesquisas em diversas fontes que disponho aos meus aprendizes e a convivência no mercado que me fez escolher por onde trilhar. Ser honesto, humilde e sincero são qualidades difíceis de se encontrar em qualquer profissão. Basta usar seu dom da Reflexão e do Questionamento aliado as suas pesquisas individuais e conseguirá a separar o joio do trigo.

Desejo sempre que todo aprendiz consiga dominar tudo que domino e que consiga ser até mesmo melhor do que eu, mas que seja íntegro em seu caráter com os atributos da honestidade, da humildade, da sinceridade e do orgulho suficiente para se defender quando necessário.

Então, boa sorte a todos que querem seguir por este caminho!


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