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domingo, 30 de setembro de 2018

Flamenco Comercial



Difícil abordar este tema quando se toma como referência as mecânicas de sobrevivência com a arte. Eu digo que aquele que vive da própria arte é um profissional dela. É aquele que paga todas as suas contas apenas com a arte que faz independente de seu segmento.

Quando eu estudava dança flamenca entre os anos 80 e 90, comentávamos em sala de aula que víamos dois tipos de flamenco onde o mais popular era um tipo bem comercial. Eu sugeri na época uma comparação grosseira com o samba de turista, o famoso "Oba oba" com suas mulatas incríveis e alguns folclores nacionais agregados e estilizados para apenas comércio mesmo. Foi isso que sentia naquela época.

Então era moda nos shows de Flamenco brasileiro ter Fandangos de Huelva com castanholas, Soleá, Siguiriya y Martinete, Tientos y Tangos, Alegrias, Bulerias, Caña, Farruca, tradicionais Sevillanas também com castanholas e Rumbas como desfecho nos shows. E o solo musical era sempre um palo que não se dançava.  Podia ser uma Granaína, Minera ou Taranta. Isso era comum ver nos shows e com as roupas típicas de espanholas e dançarinos Flamencos com suas calças de cintura alta.

O tempo passou e adentramos o novo século. O Flamenco rompeu limites e abriu oportunidades para mais variações; o que não acho tão ruim assim. Aparecem fusões com novos estilos e chega à beira de confusões. Fica quase incompreensível entender o que é Flamenco, Moda Flamenca (Flamenco comercial) e Contemporâneo com nuances flamencas.

Não vejo problemas com estas inovações quando aquilo que demorei a entender e a encontrar não acontece e não aparece nestes shows.

Então tenho dificuldades de aceitar, embora respeite, shows em que esta essência não aparece. No caso da dança, de nada me adianta coreografias bem costuradas, perfeitas, com roupas "à la Simof", com malabarismos nos pés demonstrando exímio domínio de compás se não encontro a essência de cada palo flamenco. Aliás, estes estudos interessantes não parece ser de interesse da maioria daqueles que ensinam dançar.

Me soa como puro comércio. E ainda somo a mais nova moda que veio de outros estilos e aporta o comércio aqui: o irmão do ballet fitness, do belly fitness e suas outras irmãs dançantes onde a "ginástica" se funde com ritmos do Flamenco.
Se não for um profissional formado em Educação Física que conhece bem o Flamenco, será apenas mais uma novidade para se ganhar dinheiro e o Flamenco que conheci some de verdade. Aí está mais uma oportunidade para os lobos em pele de cordeiros.

Me restará acreditar nos poucos e jovens talentosos da atualidade a fazerem com que o Flamenco renasça das próprias cinzas como a emblemática Fênix e ver o Flamenco perdurar e manter suas essências, sua alma ou "duende" com a cara do novo século.

Vejo muitos eventos e participo de alguns. Só a vivência ensina enxergar isso...

Em todos os ambientes tem isso. Basta escolher seu caminho e não reclamar que não foi avisado.

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